quarta-feira, 3 de junho de 2009

Soneto

A minha alma perdi n’alguma esquina,
Dessas inexpressivas, onde andei
Tão sujo e decadente. Não tem lei
Aqui no beco da fadada sina.

Ah! Só sinto cansaço, só cansaço
Nessa vida torpor de vagabundo,
Que de tanto cuspir matou seu mundo,
Terra podre, que morta, jaz no espaço.

Sou cemitério por inteiro, dentro
De mim só tem jazigos desolados.
Por cima deles, corpos enforcados.

Zumbis sarnentos nessa noite enfrento.
Minhas covas estão cheias de lama,
Tudo escuro e não vejo minha chama.

Aleister Crowley

Era um Mago, Enforcado, Louco ou Torre?
Místico dum Telêmico furor
Co’o Diabo no Carro o Mundo corre,
Como Pã num imenso afã e vigor.

“Aiwas” revela a nova lei, “Thelema”
No novo mundo será imensa e forte.
Em mar de caos o Mestre “Therion” rema.
A Roda gira e traz o Sol e a Morte.

Imperador dos Loucos e da Lua
“Perdurabo” era pura Estrela e luz
Na pesada magia que era a sua.

À Besta, simplesmente se reduz,
E diz-se Apocalipse da nov’era.
Sou Mago, Louco, Imperador?......Quem dera.

Wolfheart

Sinto uma alma de lobo me rasgando
A humana pele frágil que me abriga.
Selvagem, eu não tenho mais comando
Com essa besta que comigo briga.

Meus olhos escarlates brilham forte
Na negra escuridão do mundo algoz.
Junto comigo vem à amiga Morte,
Nosso uivo é nossa mais selvagem voz.

Corro num grande afã pela cidade
À procura de minha Mãe querida
Nesse mundo de imunda e vil fealdade.

Vejo-a brilhar no céu, senil e ab’tida
A reinar solitária e tão imponente.
Num selvagem furor vivo contente.