segunda-feira, 15 de junho de 2009

Carta ao Rio!!

Prezado Rio


Devo te confessar que naquele momento crucial de provação o medo apoderou-se de mim, com tal ímpeto que fui incapaz de cumprir o trato que fizera com meu pai. Não tinha compreendido o valor de minhas palavras. Explico-me melhor, eu não estava preparado para tomar o lugar dele naquele momento, e numa atitude covarde fugi.

Na verdade não fugi dele, estava fugindo de mim mesmo sem o saber naquele instante, inutilmente é claro, pois não há como escapar do destino. Logo percebi, e o remorso, tal adaga afiada fincada em meu coração, começara a arder profundamente no fundo de minha alma, que começou a sangrar muito. O sangue não estancava e todo meu ser inundava-se de arrependimento e angústia.

O que fazer diante de tal estado? Eu me perguntava diariamente com o propósito de estancar de vez essa ferida que já me debilitava por inteiro, me deixando fraco e lânguido. Aos poucos, o causador desse sofrimento ia me devorando, e ao me olhar no espelho via os traços da destruição.

Ó Rio, o meu corpo está fraco, muito fraco e já não tenho mais forças, só me resta energia para empurrar aquela mesma canoa estreita que meu pai fez e seguir seu curso. Sei que devo ir a seu encontro, e assim o farei, mas sinto que não estou preparado.

Muitos me disseram que não estavam preparados para a viagem derradeira, mas quando chegou o momento não se recusaram a embarcar em suas canoas e esperar seu destino. Para que fugir do inevitável? Não adianta mesmo.

E no final não restava mesmo outra coisa a fazer, e como eles, caminharei em sua direção sem mais questionar, já não me resta alternativa mesmo, e além do mais estou profundamente cansado e não vejo a hora disso tudo acabar. Portanto, pode me esperar que irei a seu encontro sem demora.

Espero que esta seja uma viagem agradável!


O Filho do Homem da canoa