sábado, 28 de janeiro de 2012

O forjador das sombras

É no silêncio que a noite acontece.
Seres imprecisos que habitam
O antigo Vale das Sombras
Descolam-se de meus sonhos
E interpenetram meus corpos,
E nessas horas viro o outro
Que foi edificado dentro
De minhas próprias furnas,
Com o fogo mesclado ao gelo
E forjado nas Sombras,
Camada a camada junto a
Matéria inconstante do somhar.

A morte de uma metáfora

Aquele anjo
Velho e aos farrapos
Finalmente morreu.
Deram-lhe três tiros
Em sua cabeça grisalha,
Mas ainda há tolos
Que querem revivê-lo.
Não sei como conseguem
Pegar naquele cadáver
Que fede fortemente.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Rei

Tudo o que vejo
São fragmentos
De um mundo distante
Que hoje se perdeu
Nas águas do esquecimento.

Outrora eu portava
Uma espada e era rei...
Mas tudo se foi
A coroa, o manto,
O trono, a espada,
Os cavaleiros, as damas
As gestas, as celebrações,
As opulências, os cavalos,
Os bobos, e o prório rei.

Tudo isso está ali,
Perdido em algum lugar
No fundo dos abismos da mente
Cercado de névoas
Que induzem ao sono eterno.

O Velho

O velho homem
Num pequeno barco
Navega tranquilo
Naquele rio calmo.
Os remos acariciam as águas,
Parecendo mãos delicadas
Que acariam a amada.
Assim ele vai
Totalmente despreocupado,
Com o corpo leve
Para os braços dela,
A Dama do Véu Negro.

O Templo

Nem me dei conta, mas entrei naquele
Antigo Templo novamente. Não
Consigo entrar no velho Pavilhão,
Por isso não percebo que estou nele.

Todavia, consigo ver-me dentro
De suas suntuosas dependências
E banhar minha pele co'as ardências
De seu magnífico e dourado centro.

Entro nele, mas sempre fico fora
Quando atravesso sua velha porta,
Mais antiga que nosso velho mundo.

O Templo vira novamente aurora
Que meu pequeno templo não suporta,
Mas no seu brilho por inteiro afundo.

Excalibur

Por mais uma vez Tive Excalibur comigo,
Mas os Ventos da Agonia
Com suas mãos doloridas
A arrancaram de mim.
Procurei a Dama do Lago,
Mas esta escorregou
Das minhas mãos
Junto com o lago mágico,
Hoje totalmente seco.
A espada dissolveu-se
Para sempre naqueles
Ventos ácidos de outrora.
Hoje só tenho o seu nome
E uma vaga lembrança,
Que é uma bainha
Desgastada pelas eras.