sexta-feira, 20 de novembro de 2009

The Chosen Legacy

O Sacerdote com suas vestes negras e capuz a lhe ocultar o rosto fazia suas preces.

Com sua mão esquerda empunhava um fino punhal de prata, todo talhado com pedras preciosas. Na sua mão direita havia uma imagem do Cristo Podre em sua ridícula agonia.

No altar havia uma bela mulher nua com a boca amordaçada e seus pés e mãos, atados. A pobre fêmea estava petrificada de tanto pavor. Aquela inocente alma cristã temia por sua vida.

Ao redor do altar, da mulher nua e do Sacerdote estavam os adeptos, também vestidos de negro. Eles formavam um circulo ao redor de seu mestre e da moça. Em suas almas traziam imenso desejo de luxúria e esperavam somente a ordem daquela enigmática figura sacerdotal para abaterem aquela vítima.



-Ó irmãos e irmãs aqui presentes! Dizia o Sacerdote. Estamos aqui, neste imundo Templo deste Cristo Putrefado, para proclamarmos nossa liberdade.

-Que assim seja! Diziam todos os adeptos.

-Acabaram-se aqueles dias de escuridão! Dizia o Sacerdote. Agora somos livres. Estamos livres de todos os deuses e entidades diabólicas. Hoje será, queridos irmãos, o dia do Homem-Deus. Estamos acima do bem e do mal. Viva o Homem-Deus!

-Viva! Gritam com entusiasmo os adeptos.

-Ó irmãos e irmãs! Dizia o Sacerdote. Estão vendo aqui esta bela mulher? Mostremos-lhe a vontade humana, o poder do Homem-Deus, e vejamos se o Deus Pai Todo Poderoso dela há de acudi-la.



Aproximando-se mais do corpo da bela jovem, o sacerdote tocou-lhe, demorada e prazerosamente, os seios e a vagina.

-Irmãos e irmãs! Disse o Sacerdote com ímpeto. Esta alma cristã está pronta. Venham, em nome da Liberdade, e da Volúpia saciar vosso desejo de luxúria. Mostremos ao Deus desta nossa bela presa que aqui ele não tem nenhum poder.



Assim dito, aos poucos aqueles homens e mulheres, de cujos olhos emanavam um intenso desejo de luxúria, foram se apoderando daquele corpo inocente e virginal. Estava então proclamada a supremacia do Homem-Deus.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Ser

Eu sou.
Não sou.
Nada sou.
Porém, sou
O que sou.
O ser,
Que tudo compreende ser.
E deveras será
Toda a extensão do ser,
O verdadeiro ser,
Que sou,
Que fui,
E serei.

A totalidade do ser

Todo aquele poder
Que emana de meu ser,
Duas faces pode possuir,
E diversas sensações transmitir.

Visto que Deus e Diabo sou,
Livre arbítrio dou
Às minhas intenções,
Purificando e corrompendo em minhas ações.

Anima Oceano

Quando penetro profundamente em minha “anima”,
Sinto como se mergulhasse num oceano.
Não consigo ver seu fim,
Mas posso senti-la por inteiro.
Porque na realidade,
Minha alma é o oceano.
E, a partir do momento que nela penetrei profundamente,
Descobri meu verdadeiro Eu.

O meu Eu, em realidade é o mundo.
Eu sou o mundo, o homem que veio
Em realidade penetrar o impalpável,
Buscar a Essência Primordial,
Aquela que permeia todo o mundo,
Que é o meu próprio Eu,
Que, para ser verdadeiramente Eu,
Ignora todos os nomes (inclusive o meu),
Porque eles simplesmente limitam o ser.

Ao me livrar de todos eles, evoluí,
E minha “anima” alcançou ser maio nível:
A profundeza de seu oceano,
Que é onde reside meu verdadeiro ser.

Crepúsculo Nórdico

Ao contemplar a aurora,
Começo a imaginar
Tudo terminar
Como outrora.

Odim a todos guia
Na batalha final,
E seu arsenal
Ele seguia.

O barulho das armas
Agora se escuta
Em toda a luta.
Grandes carmas.

Vejo os deuses morrerem.
E que triste fim
O deles enfim
Perecerem.

O céu avermelhado
É o grande sinal,
O ponto final.
Acabado!

Um novo mundo nasce,
Pois Baldur retornou
E tudo amainou
E refloresce.

Clamor aos deuses

Ó! Antiga “Midgard” amada,
Terra já muito deflorada.
A ti, não haverá futuro.
Seu futuro todo obscuro.
A ti, não posso mais olhar.
Não posso agora suportar
Esse estado em que se encontra
Essa destruição que sou contra.
E que todos em “Midgard” morram!
Para “Asgard” ó deuses, me socorram.
É chegado o tempo da fúria,
Para acabar com a injúria.
Odin comanda sua falange.
O tambor estrondoso tange,
Incitando na tropa a guerra.
Sua fúria, esse mundo encerra.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Bhagavad Gita

I
Por quê te aflige grande e nobre Arjuna?
És tu de “Kunti” nobre e grande filho,
O poderoso arqueiro todo brilho,
Mais brilhante que “Surya” e grande Luna.

Você não pode desistir agora,
Pegue tudo que é seu, não mais hesite.
Eu já matei seus primos. Acredite,
São só corpos, cadáveres por hora.

hesite em atirar as suas flechas,
Não se iluda co’aquilo que morreu,
Pois tudo o que tem neste mundo é meu.

Eu preencho grandes e pequenas brechas
Eu sou “Parabhamâ”, sou a Super Alma,
Eu sou a divina graça, dou-te calma.

II

Ó “Paramatmâ, vejo essa ilusão,
Vejo o errado caminho percorrido
Pelo seu filho pródigo iludido
Que em vez do sim prefere o falso não.

Já não são meus parentes, inexisto
Pra poder integrar a Super Alma,
Eu sou o guerreiro Arjuna já sem trauma.
Nesta batalha contra mim me alisto.

Novamente levanto o arco divino
E preparo meu tiro tão certeiro
Contra esse “Karna” verme e vil guerreiro.

Ó “Krishna”, dentro de mim toca o sino,
Sei ser este o momento agora certo
Para curar meu ferimento aberto...

Charles Baudelaire

Quero fazer satânicos meus versos,
Como o nosso pai gótico fazia.
Quero transformar báculo em poesia,
Ser Baudelaire em modos tão diversos.

Sim, eu vejo nascer Flores do Mal
Nesse mundo tão gótico e sombrio
De eterno luto, gélido e tão frio,
Por isso transformava ópio em portal.

Litania Satânica me inspira,
Não sou mais o Albatroz todo confuso,
Nenhum Frankstein sem porca ou parafuso.

Em total decadência o mundo gira.
Nele o grotesco vira bela arte,
Disseca o decadente parte a parte.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O Contrato

Um jovem chamado XXNXXX estava desesperado e angustiado devido a sua condição de desempregado. Ele levava seus currículos todos os dias para diversas empresas e agências de emprego desta grande cidade de São Paulo.
Suas manhãs e tardes resumiam-se a subir e descer ruas entregando aqueles currículos, que depois, eventualmente iriam para o lixo, ou serviriam de rascunho, pois estamos em tempo de crise e está muito caro gastar papel hoje em dia. Portanto, nada melhor do que currículos para serem utilizados como rascunho.
Certo dia XXNXXX recebera um telefonema em sua casa.
-Alô!
-Bom dia! Gostaria de falar com XXNXXX referente a uma oportunidade de emprego.
-É ele mesmo quem fala.
-Então XXNXXX, a vaga é para uma empresa chamada MEPHISTO CORPORATION.
-O cargo seria o de Auxiliar Administrativo?
-Isso mesmo, e o salário fica a combinar.
-Correto!
-Mais uma coisa XXNXXX, a empresa tem extrema urgência em contratar, portanto, gostaria de saber se você se disponibiliza a fazer a entrevista hoje à tarde?
-Sem dúvidas e não tenho nenhum compromisso, hoje é um dia perfeito.
-Muito obrigado pela sua atenção XXNXXX e boa sorte para você.
Que momentos de felicidade para aquele jovem, finalmente uma entrevista. Seus sofrimentos agora poderiam acabar. Até que enfim uma grande oportunidade, pois aquela é segundo dizem uma empresa de renome e com muita tradição no mercado.
XXNXXX alegremente tomou banho, colocou sua melhor roupa, engraxou seus sapatos, arrumou cuidadosamente suas coisas, separou o que iria levar para a entrevista e saiu alegremente dando saltos de alegria pela rua. Ah, jovem feliz, e como estava radiante naquele dia e cantava, cantava e cantava...
Ao chegar a empresa conduziram o jovem a uma pequena sala no final de um extenso corredor. Esta sala era iluminada por uma luz fraca e suas cortinas estavam fechadas, um típico ambiente de entrevistas, aconchegante e acolhedora, sem falar no leve cheiro de mofo e enxofre. Aquela era mesmo a sala perfeita, quem não gostaria de fazer uma entrevista naquele local.
Alguns instantes depois um homem de meia idade, de altura mediana e trajando caríssimas vestimentas entra na sala.
-Boa tarde XXNXXX! Sente-se, por favor!
-Boa tarde!
-Então, a vaga em nossa empresa é para trabalhar como Auxiliar Administrativo, conforme conversaram com você por telefone.
-Isso mesmo.
-Vou lhe dizendo desde já que nesta empresa trabalha-se muito, muito mesmo e os salários aqui são baixos, porque estamos em tempos de crise.
-Sim Senhor.
-Terei grande satisfação em contratá-lo, desde que aceite trabalhar igual a um condenado na melhor empresa do país.
-Aceito sem questionar.
-Gostei de ver, você tem determinação e garra para trabalhar aqui, pois conhece plenamente o principal mandamento do mundo corporativo “questionar nunca e concordar sempre”.
Dito isso, o enigmático senhor levantou-se, foi até um armário próximo, tirou de lá uma pasta, abriu-a, retirou uns papéis e colocou-os sobre a mesa.
-XXNXXX este é o seu contrato de trabalho. Devo te dizer que ao assiná-lo você viverá exclusivamente para empresa e nunca mais terá tempo para o lazer, pois em primeiro lugar vem o trabalho e o resto é bobagem.
-Aceito plenamente.
-E como estamos em tempos de crise, devo também lhe informar que seu salário será muito baixo.
-Concordo, pois o importante mesmo é ter um emprego.
-Ótimo, é só assinar onde está marcado.
O enigmático senhor pegou o contrato, olhou-o atentamente, e com seu olhar mefistofélico e um aperto de mão encerrou a entrevista.
Contrato assinado, alma perdida para todo o sempre.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A voz de uma pedra

Sou pedra. Falo feito pedra bruta,
Dura, tão dura igual palavra dura,
Palavra pedra, dura, forte e pura.
Daqui não saio, tem que ter disputa,

E pedra bate sempre bruta, forte,
Impenetrável, grave, tesa e brava,
Massa pesada, voz que é bruta clava,
Som estridente de pavor e morte.

Tenho vontade pétrea impenetrável,
De duros sentimentos, maleável
Nunca, teimosa sempre, sou teimosa

E provarei para vocês agora.
Posso virar estátua que decora,
Mas permaneço toda pedregosa.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Carta ao Rio!!

Prezado Rio


Devo te confessar que naquele momento crucial de provação o medo apoderou-se de mim, com tal ímpeto que fui incapaz de cumprir o trato que fizera com meu pai. Não tinha compreendido o valor de minhas palavras. Explico-me melhor, eu não estava preparado para tomar o lugar dele naquele momento, e numa atitude covarde fugi.

Na verdade não fugi dele, estava fugindo de mim mesmo sem o saber naquele instante, inutilmente é claro, pois não há como escapar do destino. Logo percebi, e o remorso, tal adaga afiada fincada em meu coração, começara a arder profundamente no fundo de minha alma, que começou a sangrar muito. O sangue não estancava e todo meu ser inundava-se de arrependimento e angústia.

O que fazer diante de tal estado? Eu me perguntava diariamente com o propósito de estancar de vez essa ferida que já me debilitava por inteiro, me deixando fraco e lânguido. Aos poucos, o causador desse sofrimento ia me devorando, e ao me olhar no espelho via os traços da destruição.

Ó Rio, o meu corpo está fraco, muito fraco e já não tenho mais forças, só me resta energia para empurrar aquela mesma canoa estreita que meu pai fez e seguir seu curso. Sei que devo ir a seu encontro, e assim o farei, mas sinto que não estou preparado.

Muitos me disseram que não estavam preparados para a viagem derradeira, mas quando chegou o momento não se recusaram a embarcar em suas canoas e esperar seu destino. Para que fugir do inevitável? Não adianta mesmo.

E no final não restava mesmo outra coisa a fazer, e como eles, caminharei em sua direção sem mais questionar, já não me resta alternativa mesmo, e além do mais estou profundamente cansado e não vejo a hora disso tudo acabar. Portanto, pode me esperar que irei a seu encontro sem demora.

Espero que esta seja uma viagem agradável!


O Filho do Homem da canoa

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Quebra cabeça

Não noite
Mais tem
No belo
Tão mundo,
Tão lido
Que cai
A fina
Tão folha,
Não que
Não pena
A seja
Qu’escreva.

A Casa Viva



- Entre!
- Minha nossa, que lugar estranho aqui!
- Não entendi, estranho como?
- Essa sala, por exemplo, é coisa de louco ver essas cadeiras, mesas, abajures e estantes se moverem.
- Porque estranho? Eu dou liberdade a todos aqui. Todos são iguais para mim.
- Eu nunca vi coisas tão estranhas. Aonde já se viu objetos se moverem?
- Você os está vendo agora, estão na sua frente, e porque eles não podem ser livres? Acho que no seu mundo as coisas devem ser muito chatas.
- Não acho, lá quando eu quero assistir à televisão o sofá não fica andando como um doido por aí.
- Viu como são chatas as coisas nesse seu mundo. Televisão sim é uma coisa chata, um aparelhinho quadrado que fica mostrando imagens. Não preciso disso no meu mundo, aqui tudo é verdadeiro.
- Não acho, eu passo o dia inteiro em frente à televisão e me divirto muito.
- Tudo bem então, já que você está dizendo. Minha opinião continua a mesma. Mas vamos mudar de assunto por hora. Quero saber o seu nome primeiro, afinal de contas não nos apresentamos ainda.
- Sou Nielad e moro a duas quadras daqui.
- Prazer Nielad. Chamo-me Gilfred.
- Porque eu nunca vi sua casa aqui? E olha que moro nesses arredores a um tempinho.
- A resposta é bem simples amigo. Minha casa sempre esteve aqui nesse lugar, o problema é que você não queria vê-la.
- Como assim? Todas as casas podem ser vistas, isso não é verdade.
- Essa é diferente, ela se mostra para quem quer vê-la, não é como as casas comuns que aparecem para todo mundo, esta é muito refinada, e fale baixo, pois ela pode ficar ofendida com o comentário. Sabe como é, ela é um pouco orgulhosa.
- AH, não me diga que ela também é viva e fica andando por aí.
- Nossa, estamos começando a nos entender. É isso mesmo, ela tem vida, mas não anda, como lhe disse ela só se esconde mesmo, e só se mostra para quem quer vir aqui.
- Mas eu não queria vir para cá, eu simplesmente brincava com minha bola e ela caiu no seu quintal.
- Nossa! Você entrou numa enrascada das grandes.
- Porque?
- Lá é um reino imenso, e com muitas criaturas más. São de todos os tamanhos e de todos os jeitos.
- Não acredito. E estou indo para lá agora mesmo pegar minha bola.
- Tudo bem! É só seguir em frente e abrir a porta.
- Fácil mesmo...
...................................................................................................................................................
- Falei para você ter cuidado, lá é um lugar perigoso.
- Socorro! Há um dragão correndo atrás de mim.
- Agora é tarde meu amiguinho, te avisei e nada posso fazer, ele tem vontade própria, não interfiro na vontade de ninguém.
- Por favor, me ajude, ele está cuspindo fogo e pegou na minha blusa, vou morrer queimado.
- Ah, não vai não amigo, pois vaso ruim não quebra fácil e além do mais a porta de saída está perto de você, é só correr e sair, o dragão não sai de minha casa, pode ficar tranqüilo.
- Obrigado... Estou conseguindo...Consegui.


-Nossa! Que menino estranho. Imagina, falar que minha casa não é real. Ele que é louco!

Fim

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Soneto

A minha alma perdi n’alguma esquina,
Dessas inexpressivas, onde andei
Tão sujo e decadente. Não tem lei
Aqui no beco da fadada sina.

Ah! Só sinto cansaço, só cansaço
Nessa vida torpor de vagabundo,
Que de tanto cuspir matou seu mundo,
Terra podre, que morta, jaz no espaço.

Sou cemitério por inteiro, dentro
De mim só tem jazigos desolados.
Por cima deles, corpos enforcados.

Zumbis sarnentos nessa noite enfrento.
Minhas covas estão cheias de lama,
Tudo escuro e não vejo minha chama.

Aleister Crowley

Era um Mago, Enforcado, Louco ou Torre?
Místico dum Telêmico furor
Co’o Diabo no Carro o Mundo corre,
Como Pã num imenso afã e vigor.

“Aiwas” revela a nova lei, “Thelema”
No novo mundo será imensa e forte.
Em mar de caos o Mestre “Therion” rema.
A Roda gira e traz o Sol e a Morte.

Imperador dos Loucos e da Lua
“Perdurabo” era pura Estrela e luz
Na pesada magia que era a sua.

À Besta, simplesmente se reduz,
E diz-se Apocalipse da nov’era.
Sou Mago, Louco, Imperador?......Quem dera.

Wolfheart

Sinto uma alma de lobo me rasgando
A humana pele frágil que me abriga.
Selvagem, eu não tenho mais comando
Com essa besta que comigo briga.

Meus olhos escarlates brilham forte
Na negra escuridão do mundo algoz.
Junto comigo vem à amiga Morte,
Nosso uivo é nossa mais selvagem voz.

Corro num grande afã pela cidade
À procura de minha Mãe querida
Nesse mundo de imunda e vil fealdade.

Vejo-a brilhar no céu, senil e ab’tida
A reinar solitária e tão imponente.
Num selvagem furor vivo contente.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Formas e cores não são nada além
Do que formas e cores em tumulto,
Massa sem corpo nessa vida em vulto
Cheia de antíteses; alguém ninguém

Nesta loucura, paradoxo em verso
Que me joga em imenso Mar Fonema.
Som e palavra, verso e ritmo, tema
Sem tema que compõe meu corpo imerso

Nessa sintaxe, pois aqui é só texto,
Nada mais que palavras que limitam
O que tem dentro de mim, pois imitam

Como se colocassem um cabresto
E Eu só pudesse olhar pra frente agora,
Mas metafísica em meu peito mora.

Cosmogonia menor não manifesta

...As Trevas, nada existe em “Malkut” hoje.
O seu Corpo virá da terra Soma
Hoje no fim do seu mais forte Coma.
A sua Princesa Vida assim lhe foge.

Soma em mim morre, “Malkut” nasce e cresce.
Sou “Chaya” de mim mesmo no planeta,
O mais veloz e atâmico cometa
Que esconde “Arrupa” e em “Rupa” ele fenece.

Tudo se liga, Corpos densos lado
A lado em consumível vida morta
Que morre na ilusão que em si comporta.

De “Arrupa” a “Rupa” o meu é o seu grande fado.
Somos um na inconclusa vida fria...
Então, já nova Terra nasce e cria...

Peter Pan

Por quê choras Peter Pan?
-Não tem mais Terra do Nunca,
Só esse mundo fundo e seco!
Então, Peter Pan cresceu.

Por quê choras Peter Pan?
-Fada Sininho está morta,
E Jane está tão crescida!
As crianças crescem um dia.

Por quê choras Peter Pan?
-O Gancho foi derrotado,
Com quem sempre vou lutar?
O Tempo devora tudo.

Por quê choras Peter Pan?
-Porque agora estou tão grande
E não quero mais crescer!
Agora não tem mais jeito.

Por quê choras Peter Pan?
-Wendy não quer mais brincar
E eu não sinto mais vontade!
Você e Wendy já estão velhos.

Por quê choras Peter Pan?
-Não tenho mais minha flauta,
Tenho gravata e chapéu!
Você é um homem, não menino.

Não mais choras Peter Pan?
-Não, não choro nunca mais
Porque hoje sou Peter Pan,
A infância eterna hoje sou!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Fingolfin
Tal guerreiro rei
Faleceu nas mãos
De Melkor sombrio
(O vil Lorde Negro).
Fingolfin chamou-se.
Dos Noldor foi rei
Em aflitos tempos
Do furor divino
Que abateu sua raça
De espoliados filhos.

Com saber reinou
Essa nobre lança
Do Senhor Eru,
Nobre filho e irmão
Que em fraterno amor
Valinor deixou
Pra não mais voltar.

Já na Terra Média
Exilado viu
A incessante morte
De seu amado povo
Pelo algoz tirano,
A lançar opróbrios,
Confundindo as almas
Com mentiras suas.

Carregou tal sorte
Fingolfin até
Derradeiro dia,
Dia de fúria e raiva
Da final peleja
Do Noldor monarca.
Com furor correu
À sombria morada
Do vil Lorde Negro
A falar em alto
E imponente tom:
“Vai, covarde! Venha
Ó covarde Lorde,
Vil Senhor de escravos,
Apareça e lute”.

Com estrondo vem
O gigante vil
Com suas negras vestes,
Que forjada em aço
Do infernal covil
O reveste em fúria.
O gigante em voz
De trovão lhe diz:
“Aqui estou co’a lança
Pra esmagar você
Repugnante inseto
A zunir no ouvido.
Se prepare verme
De tão grande fado,
Morte encontra aqui”.

Deu-se o tal combate
Entre treva e luz,
Luz que brilha fraca,
Tão gigante as trevas
Que carrega o Lorde.
Treva esmaga o rei
Dos Noldor eleito.
Mas, ferida deixa
No vil Lorde Negro
Que jamais se fecha,
Tal potente gládio
Do monarca audaz.

Foi-se assim o rei
Caminhar pra longe,
Lá no norte além.
E não o vimos mais,
Foi a Mansão de Mandos
Pra não mais voltar.
Fingolfin enfim,
Tal o feito audaz
Que a loucura empreende
Nos fazendo grandes
Mesmo em morte certa.
Tal ferida nunca
Curará no Lorde
Da Mentira e Fado.
Foi pequeno e grande,
Verdadeiro rei
De fortuna rara.

sábado, 18 de abril de 2009

Eu distante. Lá um Orbe que repousa.
Eu aqui, corpo sem corpo no infinito,
E no céu navegando, a Terra fito
Enquanto no Orbe o Corpo ainda não pousa.

É quando sonho que desperto então.
Acordo sim, mas sei que estou dormindo.
Já sem Orbe, barreiras eu vou abrindo,
Eu posso passar sem abrir portão.

É muito leve a sensação que sinto
Quando descubro que a sonhar não sonho,
Mas lá dormindo e cá acordado e forte.

Sim, Corpo existe, é leve, alto e distinto,
Mas a grande e distinto corpo oponho:
Cá vivo em vida, lá só vivo em morte.
Pesadelo

Sozinho ando calado na sombria
Noite sinistra de terror mortal.
Ando por um diabólico quintal
Ouvindo a fria e má voz que ali procria.

Não! Caveiras, Caveiras tenebrosas
Dançam frenética e tão intensa dança.
Só vejo a decadência que não cansa
E vocifera mentirosas prosas.

Ouço e vejo fantasmas blasfemando
Mentiras sórdidas que iludem tudo.
Não tenho voz, confuso, cego e mudo
Vou caminhando sem nenhum comando.

Quando a luz finalmente chega, fria
E gélida se mostra aos meus sentidos.
Da Luz, espíritos surgem, caídos,
E o caos em meu semblante se anuncia.
Quando fico a pensar nas coisas, vejo
Um mundo dentro d´outro mundo, louco
Seu ritmo, seu dinâmico desejo
Que a tudo envolve. Seu poder não é pouco.

Imenso paradoxo, deve ser
Provavelmente um louco sonho nada
Tranqüilo dum Deus louco com poder
Que teceu longa e complicada escada.

Estou como embriagado, nada sei
Que sei do mundo que me cerca, Deus
É tudo de complexo, louco rei.

Ao mesmo tempo em que dizer adeus,
Direi profundamente olá pro mundo,
Porque de uma infinita luz me inundo.

sábado, 11 de abril de 2009

A Cidade

Minha Cidade com suas luzes frias
E grandes construções muito imponentes
Não é mais que um apanhado de vazias
Casas que têm almas tão frias, dormentes.

Esta cidade é um grande labirinto
E seu povo com máscaras se ilude.
Este quadro tão triste agora pinto,
Tão frio, sem movimento, fria atitude.

A Noite na Cidade nunca cessa
Com uns Seres Noturnos à procura
De suas vítimas nessa Noite impura,

Montado em tão falsa e vil promessa
Que deixa todo mundo mui descrente.
Está plantada a vil, mortal Semente.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A volta da Primavera

Fadas voltam a dançar
Na grande noite estrelada
Que meu poder pode alçar.
Em mim, nobre e forte Fada
Não para a mística dança
E um novo mundo se alcança.

Outras, milhões aparecem
Para aquecer noite fria,
Belo e novo mundo tecem.
O som da flauta anuncia
O poder do coração.
Ouviram minha oração.

Nesta noite o tempo morre.
Dançamos na eternidade,
Nenhum medo me percorre,
Sua mágica é sem maldade.
Com feitiço posso voar
E os confins então alcançar.

Tão grande é nossa fogueira
E tão intensas são suas chamas
Que “Avalon” a Terra beira.
As crianças saem de suas camas
Para vir brincar conosco,
E dão brilho ao Mundo Fosco.

Morgana cria seus Dragões
De muitas formas e cores
De passadas estações,
Místicos são seus valores.
“Mordor” agora morreu,
místico mundo seu e meu.

“Fuchur” corre livremente
pelo céu mágico dado.
Mais uma história envolvente
Conta “Sherazade” ao amado
Nessa grande noite eterna
Senhora máxima e terna.

Eu nessa noite me inspiro,
Minha alma é uma Fada viva
Que ao dar profundo suspiro
Cria tão grande e forte Diva
Pelas Fadas muito amada,
Que é minha poesia encantada.
A Natureza

A Natureza é ricamente bela,
A simetria precisa do Artesão,
A divina e imponente construção
Que vejo aqui de minha grande cela.

És grande, tão gigante e imensurável,
Nada a você no mundo se compara.
A obra de Deus seu giro nunca para,
Tudo vai, tudo volta, muito instável.

Quem olha intimamente a Natureza
Olha a si mesmo com os olhos d´alma.
Se vê num mar de intenso amor e ilesa,

O mundo não lhe deixa nenhum trauma.
Ser com a Natureza uno é ser leve,
Alma com força intensa e corpo breve.
Pesadelo

Sozinho ando calado na sombria
Noite sinistra de terror mortal.
Ando por um diabólico quintal
Ouvindo a fria e má voz que ali procria.

Não! Caveiras, Caveiras tenebrosas
Dançam frenética e tão intensa dança.
Só vejo a decadência que não cansa
E vocifera mentirosas prosas.

Ouço e vejo fantasmas blasfemando
Mentiras sórdidas que iludem tudo.
Não tenho voz, confuso, cego e mudo
Vou caminhando sem nenhum comando.

Quando a luz finalmente chega, fria
E gélida se mostra aos meus sentidos.
Da Luz, espíritos surgem, caídos,
E o caos em meu semblante se anuncia.

Como é maravilhosa a sinfonia

Como é maravilhosa a sinfonia
Executada pela Mãe grandiosa.
Ninguém pode acabar com a sua harmonia,
Porque é sutil, eterna e poderosa.

Eu posso ouvi-la no cantar das aves,
Na brisa prazerosa, suave e amena,
No cair da chuva, que são tudo chaves
Construídas por tão linda Sirena.

Que belo o som das árvores, poesia
De frescor doce que me encanta em tudo.
Com esta música, não tem vazia

Escuridão que enterre e deixe mudo
Os mais ínfimos átomos que tenho.
Oh! Como é poderoso esse seu engenho.