segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O novo mundo

Em meio a um imenso parque, entre trilhas de cimento que se bifurcam, sigo por uma que me leva a um muro extenso.

Caminho até o fim da trilha. Uma parte do muro está quebrada. Olhando para o que vem além percebo um novo mundo. Atravesso aquele estranho portal embelezado por finas camadas de musgo e algumas pichações.

O novo mundo é imenso, exótico, belo e assustador, parecido com aqueles mundos das histórias fantásticas, mas é tão real quanto aquele que ficou para trás. Na verdade é o mesmo mundo, só que o enxergo em sua plenitude por conseguir ver aquilo que estava ocultado. Posso sentir a simbiose das coisas, e, o cheiro da vida em todos os seus pretos, vermelhos, azuis e demais cores elevadas ao infinito me atraem, e sigo devorando com meus sentidos esse mundo de deleite.

Sou possibilidades. O caminho abriu-se por completo. Tudo é possível agora, não há mais diferenças entre o que vejo, sinto e eu. Passo a ser esse caminho que sempre me leva de mim a mim.

Meus sentidos estão ampliados de uma tal forma, que posso tranqüilamente dizer, que incorporo tudo o que está a meu redor. Uma pedra não é mais uma simples pedra, assim como a rua e as árvores não são somente rua e árvore, mas interpenetram meu corpo e minha alma.

Posso ver no exterior tudo o que existe dentro de mim. Vejo-me em toda a minha riqueza. Como sou grande. Eu nunca havia enxergado detalhadamente o meu mundo no mundo, e, na medida que avanço nesse caminho do pequeno eu para o grande eu, nessa simbiose onde tudo se oculta e se revela, reconheço a grande arquitetura do universo com suas imensidades cheias de encantos. Sigo andando em frente, prestando muita atenção nesses meus eus fragmentados que vem e vão, se unem e se separam.



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